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Por que o Funk nunca morre?

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  Mc Dricka é um dos maiores talentos da nova geração do Funk.      Eu sou um amante da música. E quando digo isso, não enquadro classificações ou qualificações, música é música. Cada batida, cada letra, cada melodia, cada nota, carrega consigo uma história. Vou até além, carregam ''histórias''. Eu tinha uns 15 anos quando compreendi um pouco da dimensão do funk na minha geração. Nas festas, principalmente, o ritmo era implacável, todos dançavam, o calor humano misturava-se com outras emoções da juventude e era quase inevitável ficar isolado naqueles fenômenos. Em certos momentos, eu observava, apenas observava, estático, talvez com a consciência um pouco deturpada devido às doses de álcool (''me desculpa pai, me desculpa mãe'') e eu compreendia que estava vivendo. Eu estava num ninho de boas lembranças que nasciam quase instantaneamente. É, Machadão, ''Aos quinze anos, tudo é infinito'' .        O gênero cresceu nos Estados Unidos, veio

''A saudade se dança'': A história do estilo musical que agitou os subúrbios paraenses

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        O trágico acidente que acabou levando a rainha da saudade, Cleide Moraes, acabou pegando de surpresa todos os paraenses e amantes do brega. A cantora foi símbolo de uma época em que o brega e os ''bailes da saudade'' encantavam e davam significâncias à cena musical paraense. Certa vez, conversando em um bar qualquer com um senhor levemente embriagado de cachaça de jambu, com seus 60 anos no rosto e nos passos uma paixão invencível pelo brega, ele me disse — ''A saudade se dança''. Essa frase ficou na minha reflexão por alguns minutos. Estudando um pouco das origens, influências e histórias do gênero em questão, concluí que a frase daquele barroco fora a definição perfeita, sim, meu leitor, a saudade se dança.       As riquezas culturais e os mistérios amazônicos advindos da capital paraense sempre chamaram atenção dos que vieram (e vêm) de fora. Longe das grandes metrópoles, como São Paulo, Belém do Pará carrega consigo uma singularidade distinta

Há 75 anos Clarice Lispector chegava à Belém

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            ‘' Olhos de cigana oblíqua e dissimulada '' . A definição de José Dias sobre os olhos de Capitú, ambos personagens do romance machadiano ''Dom Casmurro'', ficaram eternizados no imaginário popular; uma ideia que pelos julgamentos primeiros eram semelhantes aos do Diabo. No entanto, com Bentinho (outro personagem da obra), o olhar ganhou superlativos, definições, hipérboles. De um olhar maléfico e falso, tornou-se ''olhos de ressaca'', equiparado às ondas do mar, que, segundo o narrador, saíam das pupilas. Porém, voltemos ao que nos interessa no momento. Outro olhar. Ao meu ver, a personificação do ''olhar machadiano'', o verbo fazendo-se carne. E, não desprezando a essência do título, voltaremos à Belém dos anos 40; à vida boêmia paraense, à caoticidade da Grande Guerra, e às mangueiras que contemplaram uma das maiores escritoras da literatura Brasileira passear pelos subúrbios da atual Avenida Presidente Vargas.

É, Cazuza, faz parte do meu show...

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          A literatura impregnou-me desde cedo. Graças aos hábitos arcaicos de meu pai, acabei adquirando certa devoção às evidências literárias e conspiraçãos poéticas e filosóficas. Antes fosse isso, caro leitor, na verdade, apenas mais velho descobri o real sentido de tais universalidades, e, percebendo minuciosamente, conclui que sim, havia literatices até nas coisas simples que moldaram o meu imaginário infantil. Dentre estas simplicidades e causalidades, havia Cazuza.           Meus familiares e os amigos dos meus familiares costumavam reunir-se em bandos numa sexta-feira noturna para ressuscitar algumas das vozes da música popular brasileira. Eles bebiam, cantavam e choravam ao som de artistas como: Renato Russo, Belchior, Cartola, Elis Regina e Cazuza. Declamavam histórias e momentos eternizados na juventude anos 80: os bares, amores e rebeldias de uma geração que acabara de sair de quase 30 anos de ditadura militar. Era mágico. E eu, como bela criança que não compreendia